sábado, 16 de maio de 2015


EDUCAÇÃO  
REUNIÃO E REUNIÕES
        
Muito do que aprendi na vida foi lendo, discutindo, pensando, montando minhas propostas, conhecendo as dos outros e as partes envolvidas. Nesse contexto nos últimos anos, tenho estudado um pouco à educação brasileira. “E ai é que venho observando uma infindável lista de pedagogias como as mais variadas denominações, como a “pedagogia do aprender a aprender”, “pedagogia das competências”, pedagogia construtivista”, “pedagogia corporativa”, “pedagogia da qualidade total”, e outras como “pedagogia do afeto” ou “pedagogia do amor”. Todas elas voltadas para o objetivo da educação: Aumentar a eficiência e assegurar a conformação dos indivíduos à ordem existente visando à sua consolidação, embora sempre se apresente com roupagem inovadora.
Sejamos honestos, não foram poucas as vezes que pediram para atender uma importante reunião pedagógica, para somente passar duas horas sentadas ao redor de uma mesa se perguntando, por que essa reunião foi marcada. Afinal de contas? Nesse tempo, a suposta agenda nunca fica muito clara, muitas vezes pedem atenção, ideias são redirecionadas para conversas sem sentido e quando as cabeças pensantes param de falar, você corre para a porta e passa o resto do dia respondendo e-mails, whatsapp e ligações que se amontoaram durante aquelas duas horas perdidas.
Há também em grande parte das escolas aquela visão antiga e atrasada de que o diretor é o responsável pela parte administrativa da escola enquanto os professores se incubem de ensinar os alunos, é um equivoco. O diretor deve sentar com os seus docentes e a comunidade para estabelecer os parâmetros pedagógicos, curricular, e as metas sobre o que os estudantes vão aprender. Devem ser educadores visionários e apaixonados comprometidos, que liderem escolas onde todas as atividades tenham a meta de acelerar o aprendizado e o crescimento acadêmico.
Tenho observado a necessidade de se criar uma escola de liderança, com o objetivo de recrutar, capacitar e promover a colocação de novos diretores. Partindo do pressuposto de que a pessoa não deve aprender apenas a cuidar dos aspectos administrativos, mas também conhecer métodos pedagógicos didáticos, e estar apta a ajudar os professores a melhorar suas aulas e saber como desenvolver um currículo.  Porque, para ser bom diretor, é preciso saber o que é ser bom professor e conhecer as noções básicas de como ensinar alunos. Por isso, é necessário selecionar candidatos com essa vontade de aprender.
Um bom diretor deve ter habilidade em lidar com as pessoas, se expressar bem saber gerir seu próprio tempo, ter o hábito de dar retorno sobre a execução de uma tarefa e estar aberto a ter o trabalho avaliado e, se necessário, rever suas ações. Também deve demonstrar interesses nas escolas mais difíceis, este deve ser requisito porque não se pode convencê-los a fazer depois de já terem sido selecionados.
Para o processo de seleção, deve se levar em conta à exigência da legislação do ente da federação, o tempo estabelecido. Suponhamos que o critério seja de no mínimo três anos de experiência em sala de aula. É assim podemos do que eles sabem. De quem são, se querem efetivamente fazer os alunos aprenderem. Vencida esta etapa, inicia-se a primeira fase da formação. Um curso de seis meses, onde a orientação é focada para o trabalho em equipe, privilegiar a parceria com os docentes, afinal todos na escola são responsáveis pelo aprendizado de cada estudante.  
O segundo passo é um ano de residência acompanhado por um diretor mentor capacitado pela escola de liderança. É só no fim dessa residência que ele obtém a qualificação para assumir uma escola. E mesmo assim não é sozinho. Em seu primeiro ano de trabalho, um mentor capacitado vai acompanhar seu desenvolvimento nos pontos que ambos acreditam que ainda possam ser melhorados. Assim, a escola de liderança colabora na implementação de um modelo que ajuda professores gestores e comunidade a superar problemas diagnosticados no planejamento.
Neste sentido, a melhoria da qualidade do ensino vai ser traduzida no aprimoramento das relações entre comunidade e escola, mas não será a classe dominante brasileira que vai se esforçar para isso, (como lembra Francisco de Oliveira). É hora da sociedade assumir a educação pública. Esta alternativa implica fundamentalmente que a sociedade assuma, entre outras, os aspectos: criar uma legislação onde fique claro que banco é banco, bar é bar, igreja é igreja, empresa é empresa e não podem ser dispensadas de impostos, porque querem suas escolinhas privadas; escola pública para assim ser estatal, gratuita, universal, laica e unitária.
A educação tem que ser um projeto de Estado, onde o sentimento de nação esteja presente no compromisso de seus atores na construção da cidadania e no desenvolvimento integrado.

Bibliografia: Dermeval Saviani, Galdêncio Frigotto e Irmã Zardoya.        

Professor Fernando Ferro Brandão.

quarta-feira, 4 de março de 2015

GOVERNO DE ESQUERDA E GOVERNO DE DIREITA





GOVERNO DE ESQUERDA E GOVERNO DE DIREITA  

Tenho ouvido falar até mesmo de alguns companheiros, a seguinte indagação: Quando um partido de esquerda chega ao poder vira de direita? De imediato digo não. Vou tomar aqui as palavras do escritor Norberto Bobbio, para exemplificar a questão. “No nosso tempo, todos os que defendem os povos oprimidos, os movimentos de libertação, as populações esfomeadas do mundo, são de esquerda. Aqueles que, falando do alto de seu interesse, dizem que não vêem porque distribuir um dinheiro que suaram para ganhar são a direita... Quem acredita que as desigualdades são um fatalismo, que é preciso aceitá-las, desde que o mundo é mundo sempre foi assim, não há nada há fazer. Sempre esteve e estará à direita. Assim como a esquerda nunca deixará de ser identificada nos que dizem que os homens são iguais, que é preciso levantar os que estão no chão, lá embaixo.”
Tendo feito estas ponderações, quero exemplificar um governo de esquerda. Nos últimos anos, os governos da cidade de Guarulhos em, São Paulo, Brasil. Vem trabalhando para reduzir o fosso que separa ricos e pobres, este desafio esta sendo enfrentado pelo estabelecimento de algumas pontes, especialmente por políticas públicas amenizadoras. Houve uma extensão da presença física do Estado nas regiões periféricas da cidade, através de equipamentos públicos. A administração avança para superar o modelo anterior. Este novo modelo de gestão pública garante que os equipamentos públicos se encontrem próximo da população de menor rendimento. Note-se que, além de socialmente justa, a reinversão de prioridades é economicamente saudável, pois permitira aliviar a pressão de deslocamento de grande número de pessoas, que saem das áreas periféricas em direção ao centro privilegiado de equipamentos públicos.
Bem ao contrário dos que achavam e dos que defendiam que ia esvaziar o centro da cidade de Guarulhos, os governos Elói Pietá e Almeida constituíram um modelo de universalização das centralidades, ou seja, a capacitação de novos centros de dinamização econômica e ocupacional, acompanhados pelo investimento público na descentralização e pela transparência do orçamento público.  
O monitoramento do orçamento permitiu acompanhar o movimento de mudanças da realidade, baseada numa unipolaridade central. A multipolaridade de centros dinâmicos no território de Guarulhos, fez com que o governo Almeida, reconfigura-se o sistema de transporte, de tratamento do esgoto, da educação da saúde da habitação, da assistência social etc. Assim como a oferta de serviços públicos de qualidade para a população em cada região da cidade, formando a unidade municipal, personificada na gestão acolhedora e dinâmica.  
Com estas ações Guarulhos esta evitando, de um lado, a deterioração dos recursos naturais e da qualidade ambiental e, de outro, a prevalência de uma rede descontínua de infraestrutura urbana, sem contar o ganho social para todos.
À administração atual, pelo que estamos vendo, reconhece que a intervenção pública não pode ser exclusivamente setorizada. Isto implicou em alterar o padrão de intervenção pública, que opera com novo método de ação multidisciplinar, envolvendo as ações da sustentabilidade e a participação da população.  
Este é um belo exemplo de um governo de esquerda que trabalha para os que menos têm e que mais precisam.

Pesquisa: Marcio Pochmann e Norberto Bobbio


sábado, 10 de janeiro de 2015

O AJUSTE 2015


O AJUSTE 2015  
“Andar para frente olhando para o futuro é a melhor alternativa que pode ter um indivíduo, uma coletividade ou uma nação.”   
O ataque contra a Petrobras no ano de 2014 foi uma forma de limitar a maior empresa do Brasil e desgastar o governo do PT, sobretudo quando ficou cada vez mais claro a vitória da presidenta Dilma do PT, nas eleições presidenciais 2014.   
Tenho a impressão que o primeiro passo da política econômica do segundo governo Dilma, vai estabelecer um ajuste macroeconômico, reorganizado a situação monetária, fiscal, e cambial do país. No campo monetário, o governo deve rever para cima as metas de inflação fixadas nos últimos anos. Em paralelo, para garantir a queda da inflação o Banco Central do Brasil, vai aumentar sua taxa básica de juros, a taxa (Selic).   
No campo fiscal, o governo vai aumentar a meta de resultado primário público. O principal objetivo de tal medida é sinalizar para os agentes financeiros o grau de comprometimento do governo com o equilíbrio fiscal e, portanto dissipar as preocupações do mercado com um eventual aumento explosivo na divida publica. O resultado prático da medida vai ser uma redução nos investimentos da união em um contexto de desaceleração do ritmo da economia, ou seja, uma política fiscal pró-cíclica que somada, ao aumento na taxa de juros, aprofundará a queda no nível de atividade econômica em 2015.  
DE onde viemos? Desde o inicio do Governo LULA, o país buscou sair do imbróglio no qual encontrava havia décadas: crescimento econômico insuficiente, baixas taxas de investimento, expansão do desemprego, precarização do trabalho, miséria endêmica e a preservação de nossa reconhecida desigualdade.  
O Brasil vive hoje, na segunda década que se inicia neste século XXI, uma situação completamente diferente da que vivia em décadas anteriores. Diferente e bem mais alentadora. Na verdade, podemos finalmente olhar para frente... Calma, Joaquim Levi... Fora FMI... Agora temos os BRICS!

Pesquisa: Jorge Matoso e Nelson Barbosa