GOVERNO
DE ESQUERDA E GOVERNO DE DIREITA
Tenho
ouvido falar até mesmo de alguns companheiros, a seguinte indagação: Quando um
partido de esquerda chega ao poder vira de direita? De imediato digo não. Vou
tomar aqui as palavras do escritor Norberto Bobbio, para exemplificar a
questão. “No nosso tempo, todos os que defendem os povos oprimidos, os
movimentos de libertação, as populações esfomeadas do mundo, são de esquerda.
Aqueles que, falando do alto de seu interesse, dizem que não vêem porque
distribuir um dinheiro que suaram para ganhar são a direita... Quem acredita
que as desigualdades são um fatalismo, que é preciso aceitá-las, desde que o
mundo é mundo sempre foi assim, não há nada há fazer. Sempre esteve e estará à
direita. Assim como a esquerda nunca deixará de ser identificada nos que dizem
que os homens são iguais, que é preciso levantar os que estão no chão, lá
embaixo.”
Tendo
feito estas ponderações, quero exemplificar um governo de esquerda. Nos últimos
anos, os governos da cidade de Guarulhos em, São Paulo, Brasil. Vem trabalhando
para reduzir o fosso que separa ricos e pobres, este desafio esta sendo
enfrentado pelo estabelecimento de algumas pontes, especialmente por políticas
públicas amenizadoras. Houve uma extensão da presença física do Estado nas
regiões periféricas da cidade, através de equipamentos públicos. A
administração avança para superar o modelo anterior. Este novo modelo de gestão
pública garante que os equipamentos públicos se encontrem próximo da população
de menor rendimento. Note-se que, além de socialmente justa, a reinversão de
prioridades é economicamente saudável, pois permitira aliviar a pressão de
deslocamento de grande número de pessoas, que saem das áreas periféricas em
direção ao centro privilegiado de equipamentos públicos.
Bem ao
contrário dos que achavam e dos que defendiam que ia esvaziar o centro da
cidade de Guarulhos, os governos Elói Pietá e Almeida constituíram um modelo de
universalização das centralidades, ou seja, a capacitação de novos centros de
dinamização econômica e ocupacional, acompanhados pelo investimento público na
descentralização e pela transparência do orçamento público.
O
monitoramento do orçamento permitiu acompanhar o movimento de mudanças da
realidade, baseada numa unipolaridade central. A multipolaridade de centros
dinâmicos no território de Guarulhos, fez com que o governo Almeida,
reconfigura-se o sistema de transporte, de tratamento do esgoto, da educação da
saúde da habitação, da assistência social etc. Assim como a oferta de serviços
públicos de qualidade para a população em cada região da cidade, formando a
unidade municipal, personificada na gestão acolhedora e dinâmica.
Com
estas ações Guarulhos esta evitando, de um lado, a deterioração dos recursos
naturais e da qualidade ambiental e, de outro, a prevalência de uma rede
descontínua de infraestrutura urbana, sem contar o ganho social para todos.
À
administração atual, pelo que estamos vendo, reconhece que a intervenção
pública não pode ser exclusivamente setorizada. Isto implicou em alterar o
padrão de intervenção pública, que opera com novo método de ação
multidisciplinar, envolvendo as ações da sustentabilidade e a participação da
população.
Este é
um belo exemplo de um governo de esquerda que trabalha para os que menos têm e
que mais precisam.
Pesquisa:
Marcio Pochmann e Norberto Bobbio