Toda ação humana é marcada
por uma intenção consciente ou inconsciente. Sempre podemos encontrar aspectos
teóricos em nossas ações, ou seja, aspectos de vontade, de desejo, de
imaginação e de finalidades. Sempre poderemos analisar nossas ações
perguntando-nos pelas intenções que as cercam. Para que haja, porém, uma
relação refletiva e consciente, entre teoria e prática, precisará de um esforço
intelectual, um esforço do pensamento e reflexão para planejarmos as etapas
previstas nas teorias ou na teoria que desejamos assumir e para avaliarmos se
as praticas implementadas por nós estão adequadas às nossas intenções teóricas.
Diante deste desafio, qual
seria o papel do coordenador pedagógico nesse momento de elaboração do projeto
de escola?
Podemos pensar em três
visões possíveis para o papel do coordenador: uma, como representante de
objetivos e princípios da REDE escolar a que pertence (Estadual, Municipal ou
Privada). Outra, como educador que tem obrigação de favorecer a formação dos
professores, colocando-se em contato com diversos autores e experiências para
que elaborem suas próprias criticas e visões de escola (ainda que sob as
diretrizes da REDE que atuam). E, finalmente, como alguém que tenta fazer valer
suas convicções, impondo seu modelo para o projeto pedagógico.
Uma dessas condições está na
compreensão de uma visão comum sobre a escola, um eixo aglutinador dos seus
sujeitos, só pode ser construída a partir das visões particulares, das
experiências, das expectativas de cada um sobre a escola que pretende
organizar. Principalmente no que diz respeito a temas, objetivos, métodos e
recursos a serem assumidos. Sem esquecermos da pergunta básica sobre os valores
a serem cultivados junto aos alunos, professores, pais, etc.
Em termos teóricos, sabemos
que uma escola organizada por todos os que nela atuam, tem maiores chances de
ser uma escola adequada aos interesses de seus organizadores. Ninguém que tenha
a condição de criar algo que favoreça, seria tolo de fazer o contrario. E,
teoricamente, a proposição de um projeto pedagógico coletivo parece ser algo a
que ninguém se opõe.
O exercício de confrontar as
expectativas de cada um dos organizados do projeto coletivo da escola, exige a
compreensão de que a explicitação do que se espera, implica na publicação de um
desejo, de um principio e de uma convicção. A publicação traz a ideia de que
algo que era de uma pessoa, agora é também de muitos, e poderá ser
transformado. O educador é interprete que precisa contribuir para a formação de
leitores desses sinais.
A escola pública é rica de
experiências e os professores têm vontade de compartilhá-las com seus pares,
desde que haja uma intenção comum e alguém que a coordene.
O enfrentamento da
complexidade dessa formação exige, em primeiro lugar, tempo para estar junto.
Tempo para a construção da
confiança que permite a coragem de expressar os próprios desejos, as próprias
dúvidas e próprios medos.
Tempo para a revisão e para
a crítica de cada convicção publicada.
Tempo para tomar nas mãos as
manifestações de cada um. “Olhando
devagar para elas.” – Fernando Pessoa.
Tempo para compreender que: “...Cada instante é diferente, e cada homem
é diferente, e somos todos iguais” – Carlos Drumond de Andrade.
Pesquisa:
Cecilia Hanna Mate, Professora
da USP
Eliane Banbini Bruno,
Professora da UMC
Luiza Helena da Silva
Christov, Professora da Unesp
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