sábado, 14 de setembro de 2013

QUAL O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA




Toda ação humana é marcada por uma intenção consciente ou inconsciente. Sempre podemos encontrar aspectos teóricos em nossas ações, ou seja, aspectos de vontade, de desejo, de imaginação e de finalidades. Sempre poderemos analisar nossas ações perguntando-nos pelas intenções que as cercam. Para que haja, porém, uma relação refletiva e consciente, entre teoria e prática, precisará de um esforço intelectual, um esforço do pensamento e reflexão para planejarmos as etapas previstas nas teorias ou na teoria que desejamos assumir e para avaliarmos se as praticas implementadas por nós estão adequadas às nossas intenções teóricas.
Diante deste desafio, qual seria o papel do coordenador pedagógico nesse momento de elaboração do projeto de escola?
Podemos pensar em três visões possíveis para o papel do coordenador: uma, como representante de objetivos e princípios da REDE escolar a que pertence (Estadual, Municipal ou Privada). Outra, como educador que tem obrigação de favorecer a formação dos professores, colocando-se em contato com diversos autores e experiências para que elaborem suas próprias criticas e visões de escola (ainda que sob as diretrizes da REDE que atuam). E, finalmente, como alguém que tenta fazer valer suas convicções, impondo seu modelo para o projeto pedagógico.
Uma dessas condições está na compreensão de uma visão comum sobre a escola, um eixo aglutinador dos seus sujeitos, só pode ser construída a partir das visões particulares, das experiências, das expectativas de cada um sobre a escola que pretende organizar. Principalmente no que diz respeito a temas, objetivos, métodos e recursos a serem assumidos. Sem esquecermos da pergunta básica sobre os valores a serem cultivados junto aos alunos, professores, pais, etc.
Em termos teóricos, sabemos que uma escola organizada por todos os que nela atuam, tem maiores chances de ser uma escola adequada aos interesses de seus organizadores. Ninguém que tenha a condição de criar algo que favoreça, seria tolo de fazer o contrario. E, teoricamente, a proposição de um projeto pedagógico coletivo parece ser algo a que ninguém se opõe.
O exercício de confrontar as expectativas de cada um dos organizados do projeto coletivo da escola, exige a compreensão de que a explicitação do que se espera, implica na publicação de um desejo, de um principio e de uma convicção. A publicação traz a ideia de que algo que era de uma pessoa, agora é também de muitos, e poderá ser transformado. O educador é interprete que precisa contribuir para a formação de leitores desses sinais.
A escola pública é rica de experiências e os professores têm vontade de compartilhá-las com seus pares, desde que haja uma intenção comum e alguém que a coordene.
O enfrentamento da complexidade dessa formação exige, em primeiro lugar, tempo para estar junto.
Tempo para a construção da confiança que permite a coragem de expressar os próprios desejos, as próprias dúvidas e próprios medos.
Tempo para a revisão e para a crítica de cada convicção publicada.
Tempo para tomar nas mãos as manifestações de cada um. “Olhando devagar para elas.” – Fernando Pessoa.
Tempo para compreender que: “...Cada instante é diferente, e cada homem é diferente, e somos todos iguais” – Carlos Drumond de Andrade.  

Pesquisa:
Cecilia Hanna Mate, Professora da USP
Eliane Banbini Bruno, Professora da UMC
Luiza Helena da Silva Christov, Professora da Unesp    

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